O desenvolvimento das novas tecnologias e a vasta cobertura dos serviços de Internet impulsionaram o aparecimento da intervenção psicológica à distância, tema emergente e controverso na Psicologia contemporânea de acordo com Jordanova (2005). Na verdade, surgiram inúmeros serviços online, tais como o e-mail, o World Wide Web, o Google, o Facebook…o Blog... pelo que a intervenção psicológica pode inserir-se no conjunto dos serviços que encontramos na pequena janela para o mundo a que demos o nome de computador. Esta intervenção pode adoptar diferentes sufixos, nomeadamente e-, tele-, virtual- ou cyber-.
Porque não a Psicologia aderir às novas tecnologias? A utilização das telecomunicações para entrar em contacto com os clientes tornou-se uma realidade. Pode proceder-se à recolha de informação, psicoeducação, intervenção, supervisão, consultas…. Serviços com elevada qualidade. Esta nova forma de “fazer” Psicologia pode ser utilizada quando o contacto face-a-face é impossível (Jordanova, 2005).
Será portanto pertinente enumerar as vantagens da Intervenção Psicológica à distância. Uma vez que o instrumento de trabalho possui diversificadas capacidades, podem ser utilizadas inúmeras aplicações para armazenamento de informação sobre cada cliente, podendo-se igualmente utilizar a informação (com o devido consentimento informado do cliente) para investigação, procedendo-se deste modo a uma economia de tempo, entre outros recursos, pois à medida que se procede à avaliação e intervenção, pode igualmente contribuir-se para a investigação científica (Rey, Alcañiz & Lozano, 2006).
De sublinhar igualmente que temos ao nosso dispor ferramentas já disponíveis como meio de comunicação – chats ou o serviço de e-mail (Rey, Alcañiz & Lozano, 2006), ou ainda o skype (Truman Group, 2011), que permitem uma interacção em tempo real entre Psicólogo e cliente.
Com o recurso às diversas potencialidades das tecnologias informáticas, podem igualmente criar-se ambientes virtuais onde se pode proceder a tarefas de exposição, com reduzidos custos de deslocação aos ditos ambientes, sendo igualmente possível controlar variáveis, o que no contexto real nem sempre é exequível (Rey, Alcañiz & Lozano, 2006).
Quando utilizar a intervenção psicológica à distância? Ganha relevo quando o cliente não tem ao seu dispor transportes, acessibilidades para se dirigir ao espaço físico onde os psicólogos se encontram; quando existem transportes mas a distância e o tempo dispendido nas deslocações se pode constituir enquanto barreira e motivo de desistência; para clientes que não saem das suas casas por limitações físicas ou psíquicas; para clientes que não podem suportar os custos associados ao tratamento psicológico; e ainda em situações extremas onde uma intervenção atempada se afirma como mais pertinente do que a in loco (Garcia et al. cit in Jordanova, 2005).
Num estudo de Simpson, Deans e Brebner (2001), os clientes expressaram a sua satisfação para com as sessões por videoconferência e alguns expressaram mesmo a sua preferência por este modo de comunicação por considerarem que reduz os aspectos relacionados com a exposição dos seus problemas face a face, aumentando a percepção de controlo sobre a situação, sentindo-se portanto mais “à vontade” para falar de assuntos difíceis. Também de acordo com Ainsworth e Wildermuth em 2004 e Lahad no mesmo ano, a satisfação dos utilizadores deste tipo de serviço psicológico varia entre os 68% e os 88% pelo que esta modalidade tem potencial para se desenvolver mais e melhor uma vez que os estudos revelam bons indicadores de satisfação com os serviços prestados.
Inevitavelmente, este tipo de intervenção tem desvantagens inerentes às condições impostas pela distância entre cliente e psicólogo. Tendo em conta que o instrumento de elite para a intervenção psicológica é a relação terapêutica, encontramos na Psicologia à distância lacunas a este nível uma vez que se torna mais difícil compreender e interpretar a linguagem não-verbal, por vezes tão pertinente na interpretação de sinais e sintomas, ainda que de acordo com Simpson, Deans e Brebner, em 2001, e a partir do relato de um terapeuta, a relação psicólogo-cliente não é comprometida pela tecnologia quando se utiliza a videoconferência. Para além da distância, importa salientar que nem todas as pessoas têm conexão à internet, computador ou competências para o utilizar...
Primeiro estranha-se e depois??
Jordanova, M. (2005). E-Psychology: Between Charity and Business. The Cyprus Journal of Sciences, (3) 19-31;
Rey, B., Alcañiz, M., Lozano, J. A. (2006) 9 New Technologies for Providing Remote Psychological Treatments. Cybertherapy. Internet and virtual reality as assessment and rehabilitation tools for clinical psychology and neuroscience;
Simpson, S., Deans, G. & Brebner, E. (2001). The Delivery of a tele-pshychology service to Shetland. Clinincal Psychology & Psychotherapy, 8 (2), 130-135;
http://www.fenichel.com/online2010.shtml;
http://eng.gpfilm.ru
http://www.psicologia.com.pt